terça-feira, 16 de junho de 2009

Texto simples e clássico sobre a depressão e suicídio

Depressão e Suicídio

Prevenir o Suicídio

A grande maioria das pessoas não gosta de falar ou ouvir falar sobre o suicídio. O apego à vida é natural em quase toda a gente. As pessoas desejam viver e ter saúde. Desejar a morte e agir pondo em causa a própria vida é estranho e pouco ou nada compreensível para a esmagadora maioria das pessoas. E, no entanto, é importante conhecer o problema do suicídio, de modo a ajudar a prevenir essa trágica situação.

Este pequeno texto visa informar de forma sucinta e prática o leitor sobre a questão, numa perspectiva médico-psicológica.

«Não tenho vontade de viver»

Quando alguém pensa ou diz: «Não tenho razão para viver (...); Não tenho vontade de viver, preferia morrer… seria um alívio morrer». Quando alguém, de modo ainda mais claro afirma: «Tenho a ideia de pôr termo à vida».

Ou ainda, quando alguém, levado por um estado de desespero, agiu para preparar o acto de suicídio (e o suspendeu, hesitou...), ou tentou e não o consumou, porque sobreviveu.

Em situações como as descritas ou idênticas, estamos perante um risco para a vida que nos cumpre consciencializar de forma que, quem precisa, tenha a ajuda necessária para vencer o desespero.

Desde logo é preciso tomar consciência de que na maioria dos casos as ideias de suicídio e as tentativas de suicídio são uma manifestação de várias doenças psíquicas, e muito em especial da
depressão. Quem tenha passado por uma crise depressiva sabe muito bem o sofrimento, as tormentas que atravessou, mesmo que outros não possam entender a doença do desespero, do desinteresse, da fraqueza, da angústia, da culpa, do desapego à existência, do desespero máximo, que pode culminar no suicídio.

Alguém que sofre ou tenha sofrido uma depressão grave sabe bem que os sentimentos de desespero e as ideias de suicídio são os sintomas mais assustadores. Resiste-se a uma grave doença física, é precisa mais coragem ainda para enfrentar e vencer o sofrimento psíquico de uma grave depressão!

O suicídio pode ser evitado

Nada de mais errado do que uma atitude fatalista, infelizmente tão vulgar na opinião pública: “aconteceu porque tinha de acontecer...!” Muitos pensam que o suicídio é uma livre escolha da pessoa, uma manifestação da sua autonomia. Erradíssimo! O suicídio é, em geral, a expressão final de um estado psíquico de limitação da liberdade, produzido a maioria das vezes por uma doença que é possível tratar. É necessário reconhecer as ideias de suicídio pelo que são de facto: a expressão de uma doença que tem remédio. Pensar no suicídio, a ideia de atentar contra a própria vida, é um sintoma de perturbações depressivas, e também o que a pessoa é levada a pensar quando já não consegue enfrentar os outros sintomas da depressão. É tal o desespero sentido nestas perturbações, que o suicídio parecer ser a solução, a saída, para o sofrimento insuportável.

A alguém que esteja nessa situação desesperada, impõe-se uma ajuda urgente:
Conte ao seu médico. As ideias de suicídio são um sinal que é indispensável a ajuda médica para o tratamento que irá aliviar o seu sofrimento.

Conte a uma pessoa amiga e em quem confia. Uma pessoa que o possa compreender, com quem possa abrir-se, que possa aconselhar. Uma pessoa que não exerça uma crítica preconceituosa, que o rejeite e desvalorize, mas que seja solidária consigo, que veja no seu desespero uma manifestação da perturbação emocional, da doença, e de uma grande necessidade de ajuda, e de tratamento.

O tratamento da depressão pode não ser imediatamente eficaz. A pessoa pode chegar a descrer de tudo, até da possibilidade de melhorar. Mas é quase certo que se persistir, se aceitar e seguir as medicações e os tratamentos propostos, irá recuperar. A regra essencial é não desistir, lembrar-se que já em outras ocasiões, em crise anterior, conseguiu superar a doença. Por vezes leva algum tempo até acertar a terapêutica e a medicação que vai ajudar. A depressão pode levá-lo a descrer na própria eficácia e utilidade do tratamento, mas com algum tempo o túnel do desespero irá acabar.

Reconhecer o risco e evitá-lo

Há muitos estudos sobre factores de risco de suicídio. O factor mais importante é, sem dúvida, a doença psíquica. Quando não tratadas, as depressões mais graves são doenças que se acompanham de risco de suicídio, tanto em doentes bipolares, como em unipolares. Doenças como a esquizofrenia, perturbações ansiosas graves, a dependência do álcool e das drogas em geral, são também perturbações psiquiátricas que podem predispor ao suicídio, no caso de não serem tratadas e conduzirem a situações de desespero prolongado. Quando se junta à doença (e, em parte por causa da doença), o isolamento da pessoa, o seu desenraizamento, a falta de apoios, a falta de tratamento, e complicações aparentemente insolúveis no viver, nesse caso, os riscos para um acto desesperado podem aumentar mais.

Mas haverá sempre uma solução. A vida é feita de altos e baixos. Poderá haver ajuda, terá de ser encontrada. Se for indispensável, o doente será hospitalizado, para uma terapêutica mais intensiva e controlada.

Um episódio de ideias de suicídio é sempre temporário. Os que sobrevivem a essa fase mais negra e arriscada olharão para trás, depois de recuperarem a saúde, sem perceber como lhes aconteceu esse pesadelo, essa doença que lhes retirara toda a esperança. O risco de suicídio é maior nas primeiras crises de depressão, pois a pessoa aprende com a experiência e verificar que as crises passam, aprende a reconhecer a doença como uma doença que se trata, melhora e pode prevenir.

Os familiares e os amigos da pessoa que sofreu uma grave crise com ideias de suicídio devem reconhecer o mal pelo que é, uma doença, uma perturbação emocional, de que quem sofre não é culpado. O que a pessoa precisa é de ajuda, compreensão, comunicação, e, sempre e quando for necessário, do tratamento médico e psicológico.

Vencer a depressão

As ideias de suicídio, tal como outros sintomas da depressão, podem ser tratadas. Para que possa ser ajudado/a, o seu médico ou outros profissionais da saúde deverão saber o que se passa consigo, quais os seus pensamentos e sentimentos. Só se forem convenientemente informados, por si que sofre ou por alguém que melhor sabe do que se passa consigo, poderão tomar as medidas terapêuticas necessárias, ajustar a medicação ou modificar o tratamento.

O controle adequado de uma crise depressiva, a prevenção e a atenuação dos sintomas, fazem com que volte a acreditar na vida e a viver.

Fonte: http://www.serafimcarvalho.net/sm06.asp?idp=4

6 comentários:

  1. A terapeutica não resulta e não tenho ng que me dê força necessária....nem psicólogos eles proprios desvalorizam pois te nho bom aspecto...ng me leva a sério.
    É desespero...n tenho ng
    Maria

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Maria!

      Se desejar conversar estou disponível.

      Por ora, siga firme aí e resista! Há sempre algum bom motivo para lutar, resistir e vencer!!

      Fica com Deus e em paz,
      Abel (abelsidney@gmail.com)

      Excluir
  2. Vivo assim, sempre tentando ser forte, tentando vencer o que tanto me machuca. Não sei até quando conseguirei me manter assim. Tudo esta perdido, não há sentido pra nada e tão pouco motivos para sorrir. Nem mesmo os filhos me são motivo para lutar. Eu seria egoísta? Não, acredito que minha ausência seja melhor para todos, não há motivos para continuar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Kanina (permita-me chamá-la assim), não se entregue!!

      Livre-se desta ideia de que a sua ausência será melhor para todos. Seus familiares, seus filhos a amam, tenho certeza!

      Não deixe o suicídio como legado para eles...

      Lembre-se que eles também poderão sucumbir mais tarde por "imitação e contágio".

      Procure ajuda, busque a sua Pasárgada!

      Você, possivelmente, deve estar às voltas com a depressão, que costuma apagar "a razão de viver" em razão do intenso mal-estar que ela causa.

      Se quiser conversar mais e em privado, envie-me uma mensagem (abelsidney@gmail.com)

      Siga firme na luta!!

      Excluir
  3. Perdi as forças, o sentido da vida e a coragem de lutar, as vezes não consigo cuidar nem da minha higiene pessoal, estou sem energia, tenho 54 anos. Pior que os peritos acham que sou capaz de trabalhar, peço exoneração ou me mato?

    ResponderExcluir
  4. Maia, meu caro, pedir exonerar, mudar de ares, buscar o sentido da vida, arriscar-se em buscas noutros lugares (para quem não tem nada a perder, em tese, não há remédio melhor).

    Se quiser conversar, estou aqui (abelsidney@gmail.com).

    Siga firme aí, em suas lutas!!

    ResponderExcluir