segunda-feira, 28 de junho de 2010

Programa de Prevenção da Violência do Rio Grande do Sul e a prevenção do suicídio

O tema suicídio começa a integrar os debates em torno da violência.

O Rio Grande do Sul e o seu Programa de Prevenção da Violência (PPV) já institucionalizou-o como tema.

Durante o II Fórum Estadual de Prevenção da Violência e I Mostra de Boas Práticas na Prevenção da Violência - Construindo juntos um Rio Grande de paz, que ocorreu nos dias 22 e 23 de junho de 2010, na PUCRS, em Porto Alegre, ocorreu a seguinte oficina:

Projeto: Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio – com participação de Eliane Carnot e Paulo Henrique de Almeida Rodrigues, ambos do Mestrado de Saúde da Família, Universidade Estácio de Sá-RJ e do psiquiatra Ricardo Nogueira.

Eis um bom exemplo a ser seguido.

Fonte: http://ppv.saude.rs.gov.br/

terça-feira, 22 de junho de 2010

Novo curso para voluntários do CVV - Posto Abolição - SP

O Posto Samaritano Abolição, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio realizará nos dias 17 e 18 de julho, curso para a seleção de novos voluntários da entidade.

Requisitos para ser voluntário:

. Ter mais de 18 anos

. Disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana)

. Disposição para ajudar o próximo e abertura para o autoconhecimento.

. Disponibilidade para comparecer aos 2 dias do evento de formação.

Inscrição:

Pessoalmente: Rua da Abolição 411 - Bela Vista - SP (horário comercial)

Telefone: 3242-4111 depois das 19h

E-mail: samaritanos.abolicao@gmail.com

É sempre bom lembrar que o CVV também está atendendo via chat (www.cvv.org.br) a todos quantos precisam de um ombro amigo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Suicídio e mídia: discussões se multiplicam

Suicídio permanece como tabu na imprensa

2 de junho de 2010

De acordo com um levantamento de dados do Sistema de Informações de Mortalidade do DataSUS, do ano de 2008, foram notificados mais de 9 mil casos de suicídios no Brasil naquele ano, o que corresponde a cerca de 25 mortes por dia. Devido a subnotificação de casos de suicídio no país, estima-se que esse número seja 20% maior do que o oficial. No entanto, o assunto permanece como um tabu para a cobertura jornalística em saúde.

Para discutir o tema, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) promoveu, no dia 25 de maio, o seminário “Suicídio na Imprensa: entre informação, prevenção e omissão”, que contou com a participação de especialistas no assunto e profissionais de imprensa. Como convidados, o editor de Saúde do jornal O Globo, Antônio Marinho; o jornalista e professor da PUC-Rio, Arthur Dapieve; o pesquisador e coordenador do Grupo de pesquisa de prevenção do suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins; a editora de Saúde do jornal Extra, Flávia Junqueira e o professor da Unicamp e presidente da Comissão de prevenção do suicídio, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega.

Umberto Trigueiros, diretor do Icict, abriu a discussão ressaltando a importância do debate sobre o tema para o Instituto. “Temos o ‘Observatório de Saúde na Mídia', que investigou a epidemia de dengue e, hoje pesquisa outros temas. Daqui a um tempo, o suicídio também poderá ser incorporado ao catálogo de informações e assim poderemos trabalhar do ponto de vista acadêmico, de formação e de programas de saúde”.

Autor do livro “Morreu na Contramão”, fruto de sua dissertação de mestrado defendida em 2006 na PUC-RJ, Arthur Dapieve apresentou os dados do seu levantamento sobre as reportagens sobre suicídio publicadas no jornal O Globo no ano de 2004. Segundo o jornalista, das 142 matérias publicadas naquele ano, 60% falava sobre o suicídio de Getúlio Vargas, que completava 50 anos. Outras citações contavam pesquisas sobre depressão, ataques terroristas (“neste tipo de matéria, às vezes, o suicida sequer era contabilizado entre as vítimas”) e quatro menções sobre o suicídio no período da ditadura militar.

Para o jornalista e professor da PUC-RJ, o silêncio sobre o assunto equivale a ‘fechar os olhos’ para uma faceta importante da sociedade. “A imprensa tem preconceito em divulgar notícias sobre suicídio, mas deve-se lembrar que os preconceitos da sociedade também se refletem nas práticas do jornalismo. Acredito que romantizar os suicídios não ajuda muito, mas não noticiá-los é um problema sério. O que devemos buscar é um equilíbrio entre esses dois pilares”.

Contextualização versus silêncio

Antônio Marinho, editor do jornal O Globo de Ciência & Saúde, afirma não se lembrar de ter feito reportagens sobre suicídio. “Há, de fato, um silêncio sobre o tema dentro das redações. Mas ninguém sabe informar ao certo de onde vem essa proibição”. Segundo Marinho, fala-se do assunto quando há um ataque suicida ou um caso de eutanásia, mas não se discute o porquê do ato. “O manual da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, é nossa única fonte sobre o assunto. A mídia precisa aprender a discutir o suicídio, pois nunca houve uma tentativa verdadeira”.

O pesquisador e coordenador do Grupo de pesquisa de prevenção do suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins, ressaltou a importância das estratégias de prevenção para conhecer os meios de suicídio e realizar o diagnóstico precoce. A divulgação dos meios de se cometer o suicídio e a omissão de fatos são problemas graves que envolvem a questão. “Devemos lembrar que a omissão também é o falar demais, a fala descontextualizada, não somente o silêncio”.

Flávia Junqueira, editora de Saúde do jornal Extra, assim como Antonio Marinho, não se lembra de ter realizado uma cobertura sobre prevenção ao suicídio em mais de uma década de existência do jornal. “Quando existe algum tipo de citação sobre o assunto, geralmente, é nas matérias sobre depressão. Como o Extra é um jornal popular, a linguagem é mais direta, não sabemos ainda como oferecer noções didáticas de prevenção, por exemplo”.

Último a se apresentar, professor da Unicamp e presidente da Comissão de prevenção do suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega enfatizou que o assunto, além de ser uma tragédia pessoal, é uma tragédia “silenciosa e silenciada”. “Os números ainda são abstratos, devido a subnotificação, e no Brasil, é considerado ‘pequeno’ em escala mundial. Com esse pensamento, o suicídio fica à sombra de outras mortes trágicas, como homicídios e acidentes de trânsito”.

Botega também acredita que a conscientização é o primeiro passo para discutir o assunto e criar estratégias para a prevenção. Para o pesquisador, algumas intervenções podem ser realizadas, como campanhas de conscientização da população em geral e também campanhas voltadas para grupos de risco (pessoas que sofrem de doenças mentais). “O suicídio não é ‘apenas’ um problema de saúde pública. É um problema humano; muitas pessoas que estão sob o risco de cometer o suicídio podem e devem receber ajuda. A sociedade está se abrindo para o assunto, e a imprensa também”.

Fonte: http://www.lappis.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1289&sid=1
BoletIn - Integralidade em Saúde

Suicídio e mídia: debate em aberto

Seminário debate abordagem do suicídio na mídia

Renata Moehlecke

Para os jornalistas, as notícias sobre suicídio trazem à tona um dilema: como conciliar o dever de informar e, ao mesmo tempo, não provocar danos e promover a prevenção? As diferentes perspectivas sobre a prática dessa complicada tarefa foram o ponto central do debate ocorrido no seminário Suicídio na imprensa: entre informação, prevenção e omissão, realizado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). O evento contou com a participação do jornalista e professor da PUC-Rio, Arthur Dapieve; do jornalista de ciência e saúde de O Globo, Antônio Marinho; do pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins; da editora de saúde do jornal Extra, Flávia Junqueira; e do professor da Unicamp e presidente da Comissão de Prevenção do Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega, reconhecido como um dos mais proeminentes pesquisadores sobre o tema no país.
Durante o evento, houve a apresentação de um filme de 30 segundos que faz parte de uma nova campanha para prevenir contra o suicídio efetuada pela Associação Brasileira de Psiquiatria
Segundo Arthur Dapieve, nos meios de comunicação, há profissionais que acreditam que a informação pode ajudar a reduzir o número de ocorrências de suicídio, mas que a maioria dos jornalistas consideram o tema um tabu, como ocorre em boa parte da sociedade. “O primeiro impulso nas redações é não divulgar, apesar de não haver uma indicação direta de que esse é o procedimento adequado”, comenta o professor. Antônio Marinho complementa que, quando questionados, os jornalistas não sabem dizer de quem partiu a restrição e não a encontram em nenhum manual específico. “É costume falar sobre suicídio quando se trata de casos de polícia ou médicos, como ataques terroristas ou eutanásia, mas sem um enfoque direto ou aprofundamento da questão”, diz o jornalista. “A mídia precisa aprender a discutir o assunto, porque nunca tentou de verdade”.

O pesquisador e organizador do evento, Carlos Estellita-Lins, aponta que essa omissão evasiva considerada ‘politicamente correta’ pode carregar um certo descuido na hora de abordar o tema. “A percepção é de que, por um lado, o suicídio, quando divulgado, pode ser ‘contagioso’; por outro, que o silêncio sobre os casos tende a ser mais danoso para a sociedade”, explica o pesquisador.“É preciso colocar o suicídio na agenda pública. As pessoas devem entender que o suicídio existe e pode ser prevenido. O problema maior é como construir esta informação”.
A jornalista Flávia Junqueira citou que, desde a criação do jornal Extra, em 1998, nunca chegou a ver em seu local de trabalho a produção de uma matéria sobre a prevenção do suicídio. “Há o registro de matérias que falam sobre depressão e que essa doença pode elevar o risco de suicídios, mas não uma matéria que aborde diretamente o problema”, afirma Flávia. O professor Neury Botega acrescenta que o suicídio é uma tragédia silenciosa e silenciada e que é mais comum no Brasil do que se pensa. “Dentre as mortes trágicas, nos meios de comunicação, o suicídio fica a sombra de outros tipos de óbitos, como homicídios e mortes por acidentes de transito”, elucida o psiquiatra. “Se a prevenção é possível? Sim. É claro que não é podemos sanar os suicídios, já que se trata de um problema humano, mas pessoas podem ser identificadas em grupos de risco e ser ajudadas”.

Durante o evento, Botega ainda apresentou o filme de 30 segundos que faz parte de uma nova campanha para prevenir contra o suicídio efetuada pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Além disso, os participantes do seminário receberam manuais dirigidos a profissionais de imprensa que apresentam recomendações para produzir textos claros e esclarecedores sobre o comportamento suicida, doenças mentais e psiquiatria.

Publicado em 28/5/2010.