domingo, 22 de janeiro de 2012

Prevenção do suicídio na polícia portuguesa


Formação interna em todos os comandos para prevenir suicídios

A PSP vai realizar ações de formação nos comandos para que os polícias estejam mais atentos aos comportamentos dos colegas, o que pode ajudar a prevenir o suicídio, que nos últimos cinco anos causou a morte de 21 agentes.

A formação vai realizar-se este ano em todos os comandos do país e destina-se a comandantes de esquadras e adjuntos, graduados de serviços e supervisores operacionais. "Pessoas que têm um contacto diário e permanente com quem anda no terreno", disse o chefe do gabinete de psicologia da PSP, Fernando Passos, em entrevista à agência Lusa.

O responsável adiantou que nesta formação interna, com a duração de um dia, será abordada "a problemática do suicídio e a sua prevenção".

Segundo Fernando Passos, as ações de formação vão ser dadas por psicólogos e serão "muito curtas e práticas", com a abordagem de casos concretos.

"É para chamar a atenção e lhes dar alguns elementos que permita a esses policiais detetarem ou, pelo menos, tentarem encaminhar alguém, caso se apercebam de comportamentos menos usuais ou que de alguma maneira possam pôr em risco a atividade policial e o indivíduo em si", explicou.

Fernando Passos sublinhou que o objetivo é que os polícias entendam e conheçam os colegas que trabalham consigo.

"Neste momento, a calendarização está praticamente concluída e vai iniciar-se muito brevemente no terreno. É um projeto ambicioso e pretende-se chegar às bases", acrescentou.

A PSP registou desde 2008 um total de 21 suicídios, sete dos quais em 2011.

O chefe do gabinete de psicologia da PSP ainda não tem qualquer justificação para este fenómeno, realçando que "a crise será uma explicação, mas existem muitas outras".

Porém, sublinhou que tanto a nível internacional como em Portugal o número de suicídios nas forças de segurança é superior ao da população em geral, sendo a exceção a polícia londrina.

O responsável justificou esta exceção com o facto dos polícias de Londres não terem em permanência uma arma letal consigo.

As armas são "seguramente um acesso para que os polícias corram maior risco de suicídio, mas uma força policial não pode deixar de ter acessos a meios letais, é uma ferramenta de trabalho", sustentou.

Desde 2008 que o gabinete de psicologia está a reavaliar os traços da personalidade de todos os elementos policiais como uma forma de prevenção do suicídio.

De acordo com Fernando Passos, já foram reavaliados cerca de cinco mil polícias. No entanto, considerou que é um "trabalho incompleto", porque todos os anos saem e entram novos polícias para a PSP.

Através desta reavaliação tem sido possível detetar polícias com alguns problemas e reencaminhá-los para o gabinete de psicologia, afirmou.

Dos sete agentes que se suicidaram no ano passado, apenas um estava a ser acompanhado por este serviço.

O responsável referiu que o número de polícias que se suicidou nas forças policiais corresponde, na sua maioria, "a indivíduos sem qualquer indicação ou suspeição de que isso pudesse a vir acontecer".

"Os que estão a ser acompanhados têm uma maior proteção do que os outros", disse Fernando Passos, que tem como ambição a criação de locais de atendimentos do gabinete de psicologia em todos os comandos do país.

21 janeiro 2012

Fonte: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?t=Formacao-interna-em-todos-os-comandos-para-prevenir-suicidios.rtp&article=520208&layout=10&visual=3&tm=8

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