sexta-feira, 26 de julho de 2013

A escola na prevenção do suicídio, segundo Perrenoud

...a escola (...) não ensina ninguém a compreender as transformações do trabalho e do mundo do trabalho. Sessenta pessoas se suicidaram [France Télécom], mas quantas já cogitaram essa saída, quantas já tiveram, no trabalho, esse sentimento de perda de sentido, de respeito e de identidade?

A escola não é responsável pelo modo como funcionam as empresas, os órgãos públicos e, em geral, o universo do trabalho, mas ela deveria se questionar para saber por que os adultos estão tão poucos preparados para vivenciar essas evoluções e se defender daquilo que ameaça a sua integridade, o seu profissionalismo e o sentido da sua dedicação profissional. 

O saber não é uma vacina contra qualquer tentação de suicídio ou contra a depressão ou a fuga, mas ele pode permitir que a situação seja relativizada, para que não assumamos integralmente a culpa pelo que está acontecendo, para que não acreditemos que não temos nenhum valor porque a organização nos maltrata ou não reconhece a nossa contribuição e as nossas competências. Evidentemente, as pessoas estão infelizes, sofrendo, em razão de fatores objetivos, mas também pelo fato de estarem desmunidas diante da violência das burocracias modernas.

Fonte: 
Perrenoud, P. Desenvolver competências ou ensinar saberes? A escola que prepara para a vida. Porto Alegre: Penso, 2013.

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