sexta-feira, 22 de maio de 2015

Atenção e cuidados são as principais formas de combater o suicídio

Casos de suicídio só perdem para acidentes de trânsito em ocorrência na região Sul de Santa Catarina.

Angústia e depressão são apenas dois dos muitos fatores que levam uma pessoa a atentar contra a própria vida. Muito mais do que números, o suicídio é um problema de saúde pública. No entanto, a prevenção junto à família e o trabalho em equipe são as principais armas que a sociedade deve usar para combater os casos de pessoas depressivas.

A segunda semana de maio é dedicada em Santa Catarina à valorização da vida. O principal objetivo de se falar sobre o tema é identificar possíveis suicidas e promover encontros para debater o assunto.

Número de suicídios

Em 2015, a semana começou nesta segunda-feira, dia 11, e vai até o dia 15 de maio, este período será de intensificação para ampliar o serviço de combate ao suicídio.

“Os números de ocorrências justificam a necessidade dessa ampliação do serviço. Na região Sul de Santa Catarina, as ocorrências de pessoas que atentam contra a própria vida ocupam o segundo e o terceiro lugar em causa morte”, conta Almir Fernandes, voluntário da Cruz Vermelha.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, no ano passado foram registrados 63 casos de suicídio nas cidades da Amrec e Amesc. Somente em Criciúma, foram registrados 23 casos, é a cidade da região com o maior número de ocorrências.

Intensificar o atendimento já mostrou resultados. Em 2014, foi lançada a campanha “Criciúma Viva”, que era composta pela equipe muti-institucional. O trabalho conjunto deu resultado já na fase de divulgação. “Quando começamos esse trabalho, somente no início nós já tivemos 28 dias sem casos de suicídio em Criciúma. Após as primeiras ações, esse número já subiu para 48 dias. Isso corresponde a 8 a 10 vidas que foram salvas”, explica o voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) Paulo José Borges.

A ideia da campanha começou ainda em 2013, após os atendimentos aos casos de pessoas que romperam com a vida. “Quando ia-se atender os casos, quase sempre se ouvia a mesma história, as pessoas comentavam ‘ah, ele tinha dito que ia fazer isso’, mas ninguém dava importância. Então a “Criciúma Viva”, veio justamente para dar valor à vida”, comenta Borges.

Divulgar casos de suicídio sempre é motivo de discussões em todos os meios. De acordo com Paulo, a divulgação pode ser feita, no entanto, a abordagem e a forma de tratar o assunto deve ser diferente. “Devemos tratar o suicídio como problema de saúde, não podemos falar como morte. Consideramos que 90% dos casos dá para prevenir, e a melhor forma de se fazer isso é através da conversa, tem que ouvir a pessoa”.

Para a psicóloga da Associação Criciumense de Apoio a Saúde Mental (Ceres), Cecília Urbina, é preciso cuidado e paciência para tratar o caso. “É muito importante evitar a divulgação exagerada, pois isso pode fazer com que aquela pessoa que já está prestes a atentar conta a própria vida, acabe cometendo o ato. É preciso atenção também nas redes sociais, elas atrapalham muito nesse ponto e as pessoas compartilham e repassam fotos de forma totalmente errada”.

Observar para prevenir

Os sinais que uma pessoa prestes a romper com a vida emitem são muito importantes. No entanto, muitas vezes são as pessoas mais próximas da vítima, muitas vezes familiares que ignoram as situações.

“É preciso estar atento ao que a pessoa diz. Quando ela verbaliza essa vontade, é preciso estar atento. Muitas vezes as pessoas têm aquele pensamento de que ‘quem fala não faz’. No entanto, a primeira vez que alguém falar isso é preciso atenção e acompanhamento. Pois se não der atenção, uma hora o ato será cometido”, conta Cecilia.

Segundo Paulo, voluntário do CVV, também é preciso ouvir a pessoa angustiada. “Na maioria dos casos de pessoas que romperam com a vida, elas só precisavam conversar. E, em quase todos os casos, os familiares, que são os mais próximos, não têm paciência de ouvi-los. Fazem pouco caso, ou ficam julgado e dando opiniões para as pessoas”, conta.

A dificuldade em cuidar de alguém que verbaliza a vontade de atentar contra a própria vida, muitas vezes atingem também os familiares, que, mal preparados para esse tipo de situação, acabam ficando exaustos.
“É muito importante ter um acompanhamento psicológico da família, pois nem sempre eles conseguem ajudar a pessoa. A pessoa que já deu sinais ou até mesmo já tentou tirar a própria vida deve receber muita atenção e proteção. Não pode ficar sozinha, e sempre esconder dela objetos que possam ser utilizados para atentar contra a vida”, explica Cecília.

De acordo com a psicóloga da Ceres, um outro sinal comum de quem está prestes a romper com a vida é o uso de álcool. Cecília aponta que em 70% das pessoas que cometeram o ato faziam o uso da substância.

“Esse número não significa que toda pessoa que faça consumo de álcool esteja prestes a atentar contra a própria vida, mas já foi comprovado que muitas dessas pessoas fazem uso de álcool e outras drogas”.

“A prevenção contra o suicídio tem que começar na família, é importante estar atento a todos os sinais, verbais e não verbais, como isolamento sem motivo algum. Também é importante estar atento às redes sociais da pessoa, ver o que está postando e falando, pois ali pode ter muitos sinais”, comenta Almir Fernandes.

Ajuda ao alcance

Para as pessoas que estão passando por momentos difíceis e que possam estar pensando em atentar contra a vida, Criciúma conta o Centro de Valorização da Vida (CVV). Uma equipe de voluntários trabalha 24 horas por dia atendendo telefonemas anônimos e ouvindo as pessoas.

O principal objetivo do CVV é valorizar a vida, atuando na prevenção de suicídios. Trabalhando sempre no anonimato, tanto dos voluntários quanto das pessoas atendidas. A principal ferramenta de combate do centro é a conversa.

“Na maioria dos casos as pessoas que romperam com a vida só precisavam desabafar, serem ouvidas sem serem julgadas ou receberem opiniões. E o CVV está disposto a ouvi-las, basta que a pessoa nos ligue e ela será atendida”, explica Paulo José Borges, voluntário do CVV.

O Centro de Valorização da Vida tem atendimento pessoal de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas. Fica localizado no centro de Criciúma, na rua Pedro Bernedet, 46, sala 321. Também atende pelos telefones (048) 3436-0222 ou 141, o atendimento é de 24 horas inclusive sábados, domingos e feriados, todas as conversas são sigilosas e anônimas.

Fonte: http://www.portalsatc.com/site/interna.php?i_conteudo=20657&titulo=AtenA

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