quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Esperança...

HÁ, AINDA AGORA, UM BARQUINHO DE PAPEL SINGRANDO OS MARES... 

Ele decidiu partir e esqueceu-se de todos!

Rompeu todos os laços.

Difícil saber o que se passou.

Muitos choraram sua perda, certamente.

Eu mesmo o chorei por sabê-lo tão perto de mim.

Quantas pessoas e paisagens partilhamos?

Ele não se despediu, antes de romper o último fio de tempo...

Talvez desejasse voltar ao ventre da mãe. Talvez.

Ou quisesse zerar o relógio e reviver tudo outra vez, diferente.

Não gosto de pensar nele e nas feridas do luto, abertas.

Pensarei nele, então, assim:

...ele decidiu partir antes do tempo, é certo.

Não o julgarei por isso, nem quero saber se havia motivo.

Sei que ele retornará, pois as águas que o levaram o trarão de volta.

No ciclo das transmigrações, numa curva de tempo, ei-lo por aqui novamente! 

Os que ficamos louvaremos, agora e depois, sua sobrevivência à decisão tomada.

Ele aprenderá, como temos aprendido, como haveremos de aprender.

O Deus dos anjos há de ser também o seu Deus, compassivo e acolhedor.

Sua dor, que ecoa, há de ser entendida, um dia.

Enquanto isso, cuidarei de minha dor, que também grita.

Orarei por dores doídas, difíceis de entender.

Sei que ele está vivo e dói-lhe não ter sido compreendido.

Ele, um dia, há de se entender... Há de desejar viver. Há de retornar.

Construirei um barquinho de papel e nele estará escrito: “Esperança”.

A lembrança deste barquinho há de me fazer lembrar dele, sempre...

Abel Sidney
5out2015


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