quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Prevenção do suicídio no Mato Grosso do Sul: para brancos e indígenas...

Os índices alarmantes do suicídio de brancos e indígenas no Mato Grosso do Sul tem preocupado os profissionais da saúde e os políticos.

Abaixo as duas notícias, em sequência.

CAMPO GRANDE JÁ REGISTROU 598 TENTATIVAS DE SUICÍDIO SÓ EM 2015, REVELA SESAU

Dados alarmantes sobre suicídio em Campo Grande chamaram atenção de autoridades e especialistas durante audiência

Em Audiência Pública realizada na manhã desta quarta-feira (18) na Câmara Municipal, dados alarmantes sobre o suicídio em Campo Grande chamaram atenção de autoridades e especialistas que debateram ações de prevenção deste ato que, só em 2014, ceifou 53 vidas na Capital.

Representando a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a enfermeira do Núcleo de Prevenção de Violências, Laura Maria Souza de Linhares afirmou na Audiência que foram registrados 53 óbitos e 750 tentativas só no ano passado. Em 2015 já foram registradas 598 tentativas até o mês de outubro. “Cada ano tem um crescimento tanto nas tentativas quanto nos suicídios. São dados que podem ser maiores, pois muitos familiares têm vergonha de dizer que a pessoa se matou e não registram o suicídio. O suicídio em 90% dos casos é evitável, não é uma morte que a pessoa não demonstra sinais. 90% das pessoas evidenciam sinais, em ações ou falas, alertando sobre a possibilidade de suicídio. O suicídio responde pela terceira causa de morte em 2014 dentre as causas externas. A tentativa também é a 3ª violência mais registrada. Ou seja, ser humano está em sofrimento, este é um problema complexo. A principal faixa etária que pratica o suicídio é o jovem de 15 a 34 anos. O setor de saúde desempenha papel fundamental nessa prevenção. Quando a pessoa tenta o suicídio ela chega a Unidade de Saúde 24 horas, que tem um assistente social, que é um grande diferencial, pois não é comum nos outros municípios, que faz o acolhimento do paciente e seus familiares. E então ele é encaminhado para a rede CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). São seis CAPS em Campo Grande, sendo dois 24 horas. Este é um grave problema de saúde pública, com uma demanda bastante elevada, às vezes tem uma fila, mas elas são priorizadas no atendimento”, afirmou.

Em seu pronunciamento, o professor e pesquisador do Hospital Universitário e capelão do Corpo de Bombeiros, Edílson dos Reis revelou que “quando um caso de suicídio é notificado, quatro outros não são, então esse número de 598 suicídios em 2015 é muito maior. É triste quando vemos crianças de 10 anos tentando suicídio, um adolescente de 14 anos querendo tirar a própria vida e uma menina de 12 anos que quer por fim à vida. Essas crianças estão dentro das unidades escolares. Na UFMS temos condições de capacitar os professores a trabalharem com a prevenção ao suicídio. Precisamos trazer isso como pauta. Temos que marcar audiência com a ACP para começarmos esse discurso com os professores. A lei já foi sancionada e agora o que precisa é normatizarmos isso para capacitar os professores. Temos condições de capacitar eles e termos efetividade prática. Fazemos um Curso de Prevenção de Suicídio, que é o primeiro do Brasil. Estamos debatendo algo fantástico, que é a vida. Estamos criando o laboratório de luto, para trabalharmos essa questão de familiares que perdem pessoas para o suicídio”, disse.

Vale ressaltar, que os vereadores de Campo Grande aprovaram a Lei nº 5.613/15, de autoria do vereador Carlão, que dispõe sobre a implantação de medidas de prevenção ao suicídio nas escolas municipais de Campo Grande MS, a qual foi sancionada e publicada no Diário Oficial no dia 30 de setembro deste ano.

A assistente social do Setor Psicossocial de Apoio ao Servidor Penitenciário, Maria Roseneuza dos Santos salientou que “o suicídio é assunto delicado, é um tabu. Vejo um assunto permeado pelo preconceito. No âmbito da segurança pública o suicídio é o ápice, o ponto culminante da depressão de forma trágica. Lidamos com a depressão de forma errada e muito preconceituosa. A gente protege, a depressão ou é frescura ou não é coisa de homem. Com isso estamos suscitando para que tudo isso aconteça Este é um problema da nova geração, a geração do tudo pronto, que não está disposta a construir e com a falta do construir e o vazio se instala, culminando com o suicídio. Temos que romper esse preconceito, é uma coisa que deve ser levada a sério”, disse.

Para o coordenador de divulgação do Grupo Amor Vida-GAV (antigo CVV), Roberto Sinai, “o suicídio é um problema de saúde pública. Atendemos diuturnamente pessoas que nos ligam e não julgamos, não direcionamos, não aconselhamos. Ela fala sobre aquilo que incomoda. Não temos, nem somos profissionais da saúde mental, somos voluntários, com espírito de amor ao próximo, para oferecer o melhor que temos. Falar é a melhor opção, pois uma dor não compartilhada dói mais. Então damos à pessoa essa oportunidade do desabafo, de falar dos sentimentos dela, temos a certeza que naquele momento ela não vai se auto destruir”, afirmou

O Tenente Ivanaldo Ferreira dos Santos, que é capelão evangélico destacou que “O Exército preocupado com esse índice crescente de suicídio está implementando a nível nacional um projeto de valorização da vida para combate e prevenção do suicídio, com uma equipe multidisciplinar composta de psicólogos, psiquiatras, capelães militares, visando diminuir, evitar, conscientizar e orientar os militares para reduzir o índice alto de suicídio em toda sociedade”, destacou.

O psicólogo da Coordenadoria de Atendimento Psicossocial da Polícia Civil/CEAPOC/MS, Carlos Afonso Marcondes Medeiros atua há mais de 30 anos na profissão de psicólogo e afirmou que já conseguiu evitar que muitas pessoas praticassem o suicídio. “Estamos fazendo alguns trabalhos na Polícia Civil que poderiam ser ampliados para a sociedade. Temos o Projeto ‘Tira Solidário’, que trata do bom amigo, para que a corporação observe algum sinal de transtorno mental, de adoecimento, de sofrimento para fazermos uma abordagem, principalmente aqueles policiais que se acham super-homem. O policial tem um agravante: ele usa uma arma, ele pode usar essa arma contra si mesmo. Ouvir é muito importante, abordar a família, pois quem pode ajudar uma pessoa que está em sofrimento mental e ideação suicida, é quem está ao seu lado. Este grupo está atento, junto com os colegas observando, nos passando informação de que tem uma pessoa que não está bem”, disse o psicólogo destacando ainda que “política pública se constrói com discussão, com debate e reunião técnica. Temos que reunir os técnicos e fazer a rede, pois o trabalho de rede é fundamental para fazer a prevenção”, revelou.

A Audiência contou ainda com a participação de Jucinéia Costa, assistente social do Fundo de Assistência Feminina da PM; tenente José da Cruz Gomes de Araújo, capelão católico da 9° Região Militar do Exército, Giovana Guzzo, psicóloga representando o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul; Veralice Carneiro Lima, presidente da diretoria administrativa do Grupo Amor Vida (GAV) e o coordenador de Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, Coronel Isaías Ferreira Bittencourt.

Fonte: http://www.acritica.net/editorias/saude/campo-grande-ja-registrou-598-tentativas-de-suicidio-so-em-2015/157504/

DEFENSORIA PÚBLICA PARTICIPA DE REUNIÃO PARA PLANO DE COMBATE AO SUICÍDIO INDÍGENA

O levantamento mostra que entre as principais características das situações que causam o suicídio estão consumo abusivo de álcool e uso de drogas

Myllena de Luca 

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul participou, na última sexta-feira (13), da reunião para discutir propostas de políticas públicas no combate ao suicídio na comunidade indígena. O encontro aconteceu na sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), da Secretaria Especial de Saúde Indígena, vinculada ao Ministério da Saúde.

Durante a abertura, a mestre em psicologia e responsável técnica da área da saúde mental do Dsei de Mato Grosso do Sul, Fabiane Vick, divulgou índice preocupante de suicídios que vem ocorrendo nas aldeias. “Nós temos uma das maiores populações indígenas do Brasil. São mais de 73 mil pessoas que vivem em 75 aldeias. Nos últimos 40 anos, as mortes por suicídio aumentaram 60% aqui em Mato Grosso do Sul. Para se ter uma ideia, no ano passado 48 índios tiraram a própria vida. Nesse ano, os números já somam 30 casos. Um deles é de um menino de 7 anos”, lamentou Fabiane.

De acordo com a assessoria, o levantamento feito pelo Dsei mostra que entre as principais características das situações que desencadeiam o suicídio ou a tentativa estão: consumo abusivo de álcool, o uso de drogas, desentendimento familiar e situação de vulnerabilidade. “Precisamos fortalecer as ações de promoção, prevenção e atenção a agravos relacionados à saúde mental, compartilhando responsabilidades e ações com as comunidades, profissionais de atenção primária e redes de apoio locais para a produção de cuidados que valorizem e potencializem a organização sociocultural de cada local e incentivem o protagonismo indígena”, disse a psicóloga.


A Defensora, que atua na 12ª Defensoria Cível de 2ª Instância, tem recebido diariamente casos que demonstram o desrespeito à comunidade indígena. “Nos últimos meses, recebemos processos da região de Ponta Porã, sul do Estado, em que 6 crianças indígenas foram retiradas de sua família natural e inseridas em lares com mães sociais não indígenas. A lei e a Constituição Federal garantem a essas crianças e adolescentes a preservação de suas identidades, e, portanto, lhes é garantido o direito de serem inseridas em famílias da mesma etnia e se possível na mesma comunidade”, finalizou.

Fonte: http://www.capitalnews.com.br/cotidiano/defensoria-publica-participa-de-reuniao-para-plano-de-combate-ao-suicidio-indigena/285358

Nenhum comentário:

Postar um comentário